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OPINIÃO: Mercados financeiros, devaneios e interesses

Há alguns meses, escrevi aqui sobre "Estado" e "mercado" e o quanto são improcedentes as atribuições de poderes acima da humanidade ou da sociedade a esses deuses pagãos da modernidade. Quem inventou o Estado ou o mercado? O ser humano em comunidade. Portanto, o homem, a sociedade humana ou a humanidade, como se queira, é criador. Estado e mercado são meras criaturas. O homem e seus agrupamentos já existiram sem Estado ou mercado e podem voltar a sobreviver assim. Mas, estes não existem sem a criatura humana e sua capacidade de pensar e organizar.

No início da Era Moderna, o Estado foi elevado a um pedestal como se fosse obra divina ou um deus. Hoje em dia querem nos convencer de que o tal de mercado tudo pode, é incontrolável pela humanidade, está acima de tudo e de todos. Assim como ontem a divinização do Estado atendeu interesses de reis absolutistas e governantes autoritários, a atual pregação de mesmo status para o mercado favorece interesses econômicos em detrimento da população.

Pela supremacia que exerce no capitalismo, inclusive sobre  os  segmentos  produtivos que são os verdadeiros geradores da riqueza e alavancas do tal mercado, o setor financeiro é quem dita regras de mercado, fala em nome deste e recolhe os lucros. E se expressa  em  atividades  necessárias de suporte à produção e à vida em comunidade, mas também em especulação, manobras, diversionismos. Há um lado do mercado financeiro como grande cassino: apostas especulativas, comportamentos emocionais, sorte ou azar.

Há meses o dito mercado brasileiro, espelhado em sua bolsa de valores, vive atrelado não ao estado real das empresas que ali negociam suas ações, nem a dados ruins ou bons da economia como um todo, mas tão somente a uma determinada proposta de "reforma da Previdência" e sua esotérica intenção de economizar um trilhão de reais em dez anos, mesmo que para isso precise produzir miséria, desassistência, incerteza na vida de milhões de brasileiros. Sou dos que raciocinam que uma reforma da Previdência é necessária. A população envelhece, déficit existe sendo discutível o seu real tamanho e tratamentos privilegiados não mais são sustentáveis. Mas, as mudanças não podem apenas atender ao objetivo financeiro, têm de preservar a justiça social e a sobrevivência da população.

E agora o tal de mercado implica que governos tentem políticas públicas seja em combustíveis, em crédito agrícola e assim por diante. Os últimos episódios denunciam mecanismo de pressão sobre qualquer intenção ou palavra de política pública em nome de um exacerbado liberalismo. Tudo em nome do tal mercado que quer estar isento do bem e do mal e, sobretudo, acima do interesse coletivo.

P.S. Neste domingo, na Feira do Livro de Santa Maria, merecida homenagem a Humberto Gabbi Zanatta. "Livro Livre Homanegeia Zanatta" das 19h às 20h30min, com show de Luiz Carlos Borges e Grupo Horizonte. Espero estar presente para me emocionar com a lembrança do amigo da década de 1960

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